29 novembro 2005

Futebol vs. Racismo


A propósito do início cinco minutos mais tarde dos jogos da Liga Italiana, na próxima jornada, como forma de alertar as consciencias para o problema do racismo no futebol, a rúbrica “Sinais” de Fernando Alves na TSF de hoje, tratava esta questão de uma forma magistral. São já muitas as crónicas que mereciam figurar numa espécie de livro de ouro da nossa rádio. Não me esqueço por exemplo de uma que fez sobre a visita de Xanana Gusmão a Portugal e da grande solidão institucional que então se verificou. Desta vez a questão tem a ver com as provocações racistas a jogadores de futebol em algumas ligas europeias. Ouça neste link audio dos Sinais.

27 novembro 2005

Ensino. Novas ferramentas.


Os Professores, os Técnicos de Educação e até os Pais, tem hoje à sua disposição suportes auxiliares de ensino e educação na Internet verdadeiramente fantásticos.

A propósito de uma incursão no universo das fábulas, acabei por descobrir a excelência do que é possível encontrar de materiais de apoio a qualquer trabalho que uma criança ou um jovem tenha que desenvolver na sua área de trabalho.

A orientação inicial dos monitores da Educação e Ensino é fundamental, consoante se trate de crianças ou jovens, dado que estes últimos já dispensam esses paternalismos nestas matérias, mas tudo o resto já é apresentado de uma forma tão acessível à apreensão do conhecimento que a autonomia acaba por ser possível.

Dou apenas dois exemplos do que encontrei, mas muito material está disponível neste universo virtual, assim os pais e os orientadores das crianças e jovens se queiram dar ao trabalho de fazer, em jeito de TPC, as suas pesquisas pessoais na net. Este primeiro link é sobre Fábulas e Jogos Didácticos:
http://nonio.eses.pt/fabulas/ e é dedicado à Educação Infantil, 1º e 2º Ciclo, tem para além de outras inter-actividades, uma que achei muito potenciadora de futuros criadores artisticos: a criança é convidada a enviar o seu desenho sobre a fábula que acabou de ler e ouvir, sendo possível depois ter aquela história ilustrada com a sua criação artística. Se eu tivesse tido uma possíbilidade destas em criança, ficaria deslumbrado!...

O outro link é já para jovens:
http://www.mocho.pt é uma página de ciências, tem já meia duzia de anos mas não se nota. Se eu tivesse tido uma ferramenta destas, hoje sería cientista!...

Parabéns por isso à Professora Teresa Pacheco e ao Centro de Competências Nónio Séc. XXI da Escola Superior de Educação de Santarém, por este No Mundo das Fábulas, e ao Professor Carlos Fiolhais e ao Centro de Física Computacional da Universidade de Coimbra, pelo Mocho.

23 novembro 2005

Manuel Alegre


Com sabeis sou por natureza um “independente” de esquerda, logo, bom rapaz! Nunca gostei de me rotular em termos políticos porque aprecio demasiado a liberdade de escolha de poder votar onde quero mau grado o coração possa estar onde bem entender. Desta vez estou com tudo no cidadão Manuel Alegre por não ter dúvidas sobre sua honestidade, verticalidade e competência. Um cidadão que não precisa que pensem nem que falem por ele. Uma mais valia da República que não nos podemos dar ao luxo de deixar de fora nesta corrida eleitoral para a Presidência da República. É por isso que me permito perguntar-te se já alguma vez na vida exerceste este direito, mas também este dever cívico de propor um candidato à Presidência? Não? Então alguém o terá de fazer por ti, mas se alguém não o fizer esse teu candidato corre o risco de nem tão pouco poder concorrer por falta de apresentações de propostas de cidadãos, como manda a Lei. É bem possível que isso possa estar a acontecer neste momento em que falta apenas uma semana para fazer chegar essas propostas à sede da sua candidatura. É o único candidato não apoiado partidáriamente, logo, só atitudes como estas podem fazer com que as coisas aconteçam. Neste momento não vos estou a pedir o voto, estou a pedir que o proponham fazendo rápidamente isto:
Entar na página do candidato
www.manuelalegre.com e em baixo carregar no link: Quero propor a candidatura, têm a seguir as condições de proponente e novamente em baixo a página indica-vos estes dois documentos necessários aqui apresentados em link: Declaração de propositura e o Requerimento de certidão de eleitor com certificação incorporada, são esses dois documentos que precisam de imprimir e preencher, levar à vossa Freguesia para certificação e enviar para o Apartado como é pedido ou entregarem pessoalmente na Sede na Rua Marquês da Fronteira, 8 – 1º , tudo isto até ao fim do mês... Força, não custa nada, era um dos últimos actos cívicos que me faltava fazer e que eu sempre deixei para os outros mas finalmente fiz.

16 novembro 2005

Povo Matéria Prima!

Olá amigo Zé! Recebi o teu email " Povo Matéria Prima" que já anda aí em circulação com o artigo que é atribuído ao famoso jornalista X do Jornal Y mas como não sabemos se esta atribuição corresponde à verdade é melhor deixarmos ficar isto no X e no Y. Não resisto a dar-te a minha opinião. É claro que toda a gente o subscreve mas nem todos se reconhecem no vilão em que é transformado o povo português neste artigo. Não me quero colocar acima de ninguém, mas tenho pautado a minha vida por comportamentos que são muitas vezes considerados excêntricos. Para poder rebater uma das linhas de leitura que se pode fazer desse artigo, tenho que puxar primeiro, mas humildemente, dos galões de cidadão português.

- Tu conheces-me e sabes o que digo, sabes que sou contra tudo e todos, contra a venda ambulante no passeio e tenho com isso problemas graves a resolver com "essa gente";
- Sabes que não embarquei na compra da caixa TV Cabo quando todos os amigos do restaurante as andavam a comprar e o alvo da critica era eu mais a minha moralização do sistema;
- Conheces a minha casa e sabes que não há lá material de expediente da minha empresa;
- Também conheces a minha luta com a Câmara de Lisboa por causa da merda dos pombos e da caca dos cães; ou dos meus telefonemas para a Epal por causa das roturas das bocas de regas nos passeios;
- Testemunhaste o meu empenhamento apoiando o Miguel Sousa Tavares para evitar que o Cavaco fizesse o POZOR na Zona Ribeirinha de Lisboa, construindo ali uma barreira;
- Sabes que mantenho um blog na net que nasceu por outros motivos mas que não o acabo porque a minha luta lá é também esta;
- Em termos de pontualidade és testemunha de que na minha empresa sou credor de horas a mais que faço voluntariamente e detesto falhar um encontro marcado na hora;
- Pelos meus filhos me privei de muito presente para lhes dar o melhor em termos de ensino e que lhes digo que não se importem de tomar uma atitude mesmo que fiquem isolados, desde que saibam que é aquilo que devem fazer;
- Sou como tu um incorruptível e não dou a muitas empresas clientes a hipótese de confundirem os presentes Natal com outra coisa!

Enfim, tenho constantemente presente esta forma vertical de estar na vida. E apesar de concordar com o jornalista X não deixo de não te dizer que o que não aceito é tratar o Povo português por estúpido. Toda esta forma de ser tem uma razão subjacente, mas talvez o jornalista tivesse querido ficar apenas por ali. Somos o produto de qualquer coisa que nos aconteceu há algum tempo atrás. Quando fazemos estes juízos de valor sobre o Povo, comparamos sempre com sociedades mais evoluídas culturalmente, mas assim, deveremos também fazer o histórico dessa nossa evolução, porque é dessa análise que pode resultar a razão deste diferencial evolutivo. Sabemos como são ainda hoje um escândalo os níveis de iliteracia e até de analfabetismo. É assim que referindo-me ao que escreveu o Prof. Santana Castilho: (que podes reler num post de Fevereiro 2005)

“... O Iluminismo marca na Europa ...a primeira preocupação de tornar o povo letrado. E aí, começou Portugal a perder a oportunidade de acompanhar um movimento...”
“...em 1910, três quartos dos portugueses eram analfabetos...”
“...de 1925 a 1940 a estagnação foi desoladora...”
“... Um aumento significativo da despesa pública com a educação só se viria a verificar com Veiga Simão nos anos 70...”
“... O 25 de Abri alterou profundamente o status . O ensino abriu-se, a gestão tornou-se participada mas ineficaz e... a degradação continuou...”
“...A tónica dominante de toda a produção de ideias para o futuro passa pela necessidade de aumentar a cultura e o conhecimento das nações e decidir a luta pelas supremacias.”


Podemos então resumir que: um povo mal formado cultural e intelectualmente, vai acentuar o defeito ancestral de uma cultura de laxismo. Andámos aqui durante 50 anos bem alimentados de espírito com Fátima, Futebol e Fado, pobretes mas alegretes, os irmãos descalços da Europa. A nossa sociedade rural não permitia o luxo de deixar estudar as raparigas e os rapazes eram precisos para o sustento da casa. Tivemos sempre a infelicidade histórica de nunca ter gente com visão quando dispusemos de oportunidades, por ex. D.João V, com o ouro do Brasil e Cavaco Silva com o ouro do início da remessa de fundos da UE. Entretanto outros foram aproveitando soberbamente as oportunidades....

O que quero dizer com isto é que não são factores genéticos que determinam estes estados de desenvolvimento social e cultural. Há razões por detrás dos nossos comportamentos que não passam pela Estupidez, pelo contrário, como vimos foram razões políticas que estiveram na base de opções mal tomadas. Uma sociedade mal formada em termos culturais, não só deixará passar a negligência e a prepotência, como será também uma sociedade negligente e prepotente, mas nunca uma “matéria prima defeituosa”, diria antes, para corrigir a análise do jornalista X uma “matéria prima não tratada”, o que é completamente diferente.

13 novembro 2005

Uma lição de garra.


Vi nestes dois sábados a lição de um bravo grupo de rapazes portugueses que bem podia servir-nos de catalizador, em vez de continuarmos a olhar as brumas esperando mais uma vez um qualquer Sebastião recauchutado que nos acuda.

São um grupo de universitários superiormente dirigidos que estão já entre as quinze melhores selecções do mundo, lugar a que têm vindo de ano para ano a subir quase exclusivamente à sua custa. Treinam em condições difíceis ao calor, ao sol, ao frio, à chuva, na lama com muito esforço pessoal e profissional para não deixarem cair a sua esperança, (só sua, porque nós nem temos dado por isso) de se colocarem entre os melhores do mundo.


Foi muito bom vê-los. Pareciam forcados impelidos pela adrenalina contra aquelas massas pesadas de Uruguaios que vergavam ao peso de uma coisa mais importante que era a força da determinação com que o faziam. Vi-me "grego" para descobrir a hora da transmissão na TV, tal é o apoio dos media, alguns sites nem contemplam a modalidade na caixa do desporto. Mas contra tudo e até um meio vazio estádio que belíssima lição nos deram os nossos rapazes do Rugby.