31 dezembro 2008

Massacres em Gaza

Tenho ainda guardadas duas Revistas Visão de 27 de Março e 4 de Abril de 2002, que fazem um levantamento histórico, com mapas e diagramas importantes para compreensão do problema Israelo-Palestiniano, por altura da chamada Páscoa Negra: o assalto ao quartel-general de Arafat. Por serem tão determinantes para a compreensão do problema, guardei por aqui para memória futura e valem-me agora numa altura em que civis indefesos estão a ser massacrados por causa de erros cometidos muito antes por alguém que não eles. Não posso infelizmente reproduzir aqui aqueles mapas, mas posso transcrever parte do que Mega Ferreira escreveu numa daquelas crónicas. Dizia então da edição de 4 de Abril de 2002:

“... Dir-se-á que a escalada israelita é uma resposta à extrema violência do terrorismo palestiniano. Eu acho que é uma resposta calculada e que, neste caso, estamos à beira de uma guerra de extermínio: tremo em usar a expressão maldita “solução final”, pelas conotações históricas que ela tem.

Mas basta olhar para os elucidativos mapas e diagramas publicados na última edição desta revista. Lá está a Cisjordânia, que, em princípio, deveria constituir o grosso da área de autonomia palestiniana, se as propostas de Camp David II pudessem ter valido para alguma coisa. A concentração de colonatos judaicos nessa zona é extraordinária: é quase uma manobra de ocupação do espaço, para impedir que os palestinianos respirem. E, como um colonato nunca vem só, a sua implantação mobiliza importantes forças bélicas, que se encarregam de “conter”, “proteger”, “defender” os colonos transplantados para território que, em princípio e em paz, devia ser ocupado pelos palestinianos. Moral da história: só na Cisjordânia, cerca de 600.000 pessoas vivem em campos de refugiados, sem água, nem comida, nem casa, nem cuidados de saúde. É como viver na cozinha da própria casa, porque os quartos foram ocupados pelos vizinhos....”
e mais adiante, quando do ataque a Ramallah: “...Talvez a comparação com Auschwitz não seja feliz. (Esta comparação tinha sido feita anteriormente por Saramago) Não o é, seguramente. Mas não tenho a certeza que Saramago não tenha razão, quando sustenta que há em Israel um espírito de aniquilamento dos palestinianos que, com um calafrio, nos pode fazer lembrar o espírito de extermínio dos nazis. Não é, seguramente, generalizado em todos os sectores da sociedade. Mas existe, já existia há 20 anos, quando estive em Israel, pela primeira vez e decididamente, última vez da minha vida. Ouvi-o da boca de antigos combatentes, históricos do sionismo e da fundação de Israel; mas, para meu espanto e horror, vi-o nos gestos enfurecidos de muitos judeus jovens, alguns recém-chegados a Israel. Tinham o furor dos neófitos, e já se sabe como os convertidos de última hora são, tantas vezes, o braço comprido e infeliz das paranóias dos mais velhos....”

Passaram quase 7 anos e esta crónica parece ter sido feita esta semana.
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23 dezembro 2008

O Postal Virtual

Os poucos que o faziam por correio perderam a tradição. O postal é agora virtual e sem magia e vai para uma lista de endereços apenas num clique.
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Cumprimos agora um ritual cada vez mais longe dos afectos que a nossa memória ainda nos trás, julgando cumprir o Natal, mesmo aqueles para quem esta quadra é um dogma de Fé. Compete-nos então escolher que tradições não queremos perder com a voracidade da evolução dos tempos.
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Reedição do post de 2007.
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18 dezembro 2008

10 dezembro 2008

60 Anos da Declaração Universal dos Direitos humanos

Crédito de imagem a: Lino Resende

”Todos os seres humanos podem invocar os direitos e as liberdades proclamados na presente Declaração, sem distinção alguma, ...” do Artº 2º da Declaração Universal

A consciência colectiva da Humanidade sobre o que são direitos humanos evoluiu muito em 60 anos e certamente que a proclamação da Declaração Universal, que hoje celebramos nesta blogagem colectiva, foi determinante para o evoluir dessa consciência. Muitos se lembrarão ainda o que eram os atropelos instituídos nas sociedades e nas nações antes dessa data.

Valeu assim a pena que os signatários se pusessem de acordo para que a Humanidade combatesse práticas e preconceitos impregnados de medievalismos. Apesar de tudo, isso não acabou com a perversidade do ser humano que renova sempre formas para justificar as violações que esconde, por vergonha. Contudo, hoje mais do que há 60 anos, vai sendo difícil manter essas violações desconhecidas, porque podemos com mais facilidade denunciar e acusar esses abusos. Celebro, mas também protesto, porque é sempre um desespero que sinto quando vejo países utilizar os Direitos humanos como instrumento político ou arma de arremesso para disfarce ou ilibação das suas próprias violações, ou para aquelas que instigam os seus amigos de mau porte a fazer. Nunca esquecerei da dualidade de critérios quando se apoiou o Chile de Pinochet, a Argentina de Videla, a Nicarágua de Somoza, as Filipinas de Marcos, a Indonésia de Suharto e tantos outras por esse mundo fora. Guantanamo é o mais recente exemplo, assim como o esquecimento das que neste momento ocorrem. Se acabo nos EUA, é porque foram eles e não outros que nas intervenções fora da América basearam toda a sua propaganda nos Direitos humanos, desgastando a expressão. São os dois pesos e as duas medidas e o tal silêncio dos “bons”, convertidos numa hipocrisia imperdoável, como bem disse um ex-Ministro brasileiro dos Direitos humanos:

"Em poucos dias de governo, eu fui à ONU dizer que ninguém precisaria pedir licença para entrar no país para monitorar direitos humanos, as violações dos direitos humanos. Mas os EUA não permitem, nunca permitiram inspeção da ONU, da OEA sobre violações notórias dos direitos humanos, sistema prisional, suas aberrações no modo de combater terrorismo, suas violações aos direitos humanos feitas com ativistas." No Jornal Folha Online:

Mas serão muitas iniciativas como esta dos cidadãos do mundo que alertando e obrigando ao debate, podem acabar por se transformar no pequeníssimo grão de areia que encrave a máquina poderosa dos violadores. Assim acredito. Guarde consigo o documento contido neste link porque ele é um dos mais importantes alguma vez produzidos pela Humanidade: a Declaração Universal dos Direitos humanos. Veja aqui um pouco da História.

Créditos a Sam Cyrous do Fênix Ad Eternum, pela louvável promoção desta blogagem colectiva.
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Nota de reedição: Pela surpresa que as violações deste vídeo representam, faço dele o meu destaque nesta celebração.


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Desenho de TACCI, do Portugal, Caramba!
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Blogues que já aderiram = 120: Fênix Ad Eternum -Lino Resende -Leio o meu mundo assim...-Alma Poeta -Reclinada -Doutrina Espirita -"Feliz aquele que transmite o que sabe, e aprende o que ensina" -"Chama da Paz": A luz que nunca se apagará -Blog do joãoáquila -Saia Justa- Ano III -Caminhantes -Pegasus, Cavalo Alado -Arroios -Devaneios & Desatinos -Mirian-crochet -Moralitos EBIC -Flávia, Vivendo em Coma... -Oficina de Palavras. -Fio de Ariadne -Infinito Particular -Educar Já! -Casas Possíveis -Qualiblog -O mundo na Luneta -Viver Melhor -Apenas Nana -Ideia Espírita -blogosfera solidária -Página Russana -Na casa da vovó -Jus Indignatus por Ricardo Rayol -BLOG DO RONALD -By Osc@r Luiz -Entre Mãe e Filha -Luz de Luma, yes party! -Diário de Iza -Pensiere & Parole ano V -Esquinas há muitas - De ver o mar - só a minha... -MOMENTOS DE LUAR -este é o meu local de sonho... -Recordações de um Baú -Das coisas que eu sei -Pasárgada -Chronicle & Tales Unlimited (RED) -Toques de Prazer -TIMOR LOROSAE NAÇAO -PÁGINA UM -De tudo um pouco -feltro, lã, pano e papel -AprendizArte Ateliê -Bem Bolados Projetos -O pulguedo -Ramsés Século XXI -MIVA CROCHET -Maio, 26 -Essencialmente Palavras... -O Último Dia de Minha Vida. -O Blog do CanalPsi -aprendemos -Sensata Paranóia -Reflexões e opiniões -Carta de Tarot -SOL POENTE -Só para dizer que tenho um Blog -IPSI LITERIS -Doce de Fel -Dormentes -Marco S/A -Lavanderia Virtual -Tulipas - A dança da vida -Adão Braga - conectado -ZzabeLinha -Bloco de notas -Tudo para Todos sobre Nada -Mexe no Peixe -OPINIÃO LUSÓFONA -Associação abril -VERDE QUE TE QUERO VERDE -PÁGINA LUSÓFONA -PORTUGAL DIRETO -No "canto-do-conto": Um punhado de magia... -Conversamos?!...; -Fotografando a Vida -ali-se -O Meu País Azul -Blog do Brasilerô -Caravançarai -Revisitar a Educação -English is Cool -A cor da letra -The pages of my life... -Hoje eu tô de bobeira -Drop Azul Anis S -Acqua -Saúde Alternativa -Portugal, Caramba! -UNIDADE MUNDIAL -Pequenos Pormenores -Ernani Motta -Descobrindo -Retrato em branco e preto -Peciscas -JE VOIS LA VIE EN VERT -A LUZ DO DIA E DA NOITE -A PARTILHA DA ALEGRIA -.Blog -Ideias Soltas -NONA E EU -Consciência Acadêmica -pianomanga -Visão PanorâmicaDentro da Bota -Quiosque AzulLu_Carioc@ -Pavulagem da Ro -A vida como a vida quer -MONAMI... 6ª FEIRA -Sindrome de Estocolmo -ius communicatio -Nothingandall

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06 dezembro 2008

The Story

É um lugar comum, um déjà vu, provavelmente muitos já editaram por email, por post ou de outra forma, a publicidade quase a exauriu, mas não foi isso que tirou ainda a força a esta história da:
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A nova Lei do Divórcio

Sobre a nova Lei do Divórcio que está a inquietar os mesmos espíritos de sempre, os que subalternizam a felicidade do homem e da mulher em prol de blindagens contratuais castradoras, que sacrifica o desenvolvimento futuro da felicidade de todo um agregado, recebi do Alexandre este texto que pretende vincar a importância da sua entrada em vigor, em 1 de Dezembro:

"A nova Lei do Divórcio entra hoje em vigor, no meio de alguma contestação dos meios mais conservadores, que procuraram desencadear alguma polémica, tentando, sem êxito, provocar uma nova situação fracturante, como aconteceu em relação à lei do aborto.

Em qualquer situação de ruptura matrimonial, os efeitos são sempre devastadores, principalmente para os filhos menores, e não há enquadramento legal, por mais perfeito que seja, que consiga cobrir com justiça e equidade a multiplicidade e a complexidade das causas daquela ruptura. Na anterior lei, a noção de culpa, apenas se sustentava na quebra dos deveres contratuais por parte de um dos cônjuges, ignorando todos os antecedentes do comportamento do outro cônjuge, que, provavelmente, teriam contribuído, ao longo do tempo, para a quebra daqueles mesmos deveres. Vejamos o caso da "infidelidade matrimonial" de um dos cônjuges, quando este se via privado dos "afectos" do outro cônjuge, e não conseguia obter o seu consentimento para um divórcio de mútuo acordo. Nestes casos, para mim, é sempre difícil apontar o culpado da ruptura, mas, segundo a lei anterior, a decisão judicial só podia apoiar-se no argumento da infidelidade, punindo o cônjuge que a consumou. A nova lei, ao abolir o divórcio litigioso, não aceitando o conceito de culpa, vem libertar o juiz do penoso encargo de avaliar situações complexas e difíceis de reparar por uma justiça que, neste caso concreto, se encontrava fechada no universo contratual do casamento e ignorando as múltiplas sensibilidades afectivas e sentimentais.

O grande avanço jurídico na nova lei encontra-se no conceito da valorização das relações afectivas do casamento, em detrimento da carácter "mercantilista" do contrato matrimonial da lei anterior, adaptando-se assim às novas realidades sociais, decorrentes da afirmação de uma sociedade predominantemente urbanizada e com emergentes comportamentos de uma cultura diferente, embora isto vá acicatar o arrivismo dos sectores conservadores e, principalmente, da Igreja Católica Apostólica Romana.

Alexandre de Castro"
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01 dezembro 2008

DIREITOS HUMANOS?

Crédito de image a: Lino Resende

DIA 10 de DEZEMBRO - BLOGAGEM COLETIVA PELOS DIREITOS HUMANOS

"A Declaração Universal que, em poucos dias, celebrará o seu 60º aniversário prevê que nenhum ser humano será discriminado com base em género sexual, etnia, ideologia, orientação, ou qualquer outro atributo pessoal ou social. A separação entre negros e brancos, nacionais e estrangeiros, homens e mulheres, pobres e ricos, teístas e ateístas, esquerdas e direitas servem como instrumentos que amputam uma parte da humanidade.

Como um corpo único, estamos todos interligados, unidos, conectos seja através de uma força cósmica, um Deus uno, ou um planeta em sofrimento. Somos uma Humanidade que reside num país chamado Terra.

Por isso, este ano, tal como ocorreu no ano passado, bloggers de língua portuguesa são convidados a participar numa campanha de Blogagem Coletiva pelos Direitos Humanos, este ano a campanha será PARA TODOS NÓS! Pois todos nós, juntos fazemos a Humanidade. Aliás Dignidade e Justiça para todos nós! é o slogan do
aniversário da Declaração Universal dos Direitos Humanos, pelo que os selos, que em mui breve estarão disponíveis, refletirão esse mesmo espírito.

Por isso, divulgue a campanha. A luta, simbolicamente, começa hoje, novamente, mas não pode terminar! Estamos nesta, unidos, pela dignidade, pela justiça, para todos nós!"
Texto de Sam Cyrous

Veja aqui no: FÊNIX AD ETERNUM

Importante: O Sam Cyrous conseguiu que esta blogagem colectiva seja registada no Gabinete do Alto-Comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos. Um valor acrescido. Parabéns Sam.
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(Reeditado)

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Do "Manuelinho" aos "Conjurados"

A propósito do Jantar dos Conjurados que a Causa Real faz todos os anos e das comemorações do 1º de Dezembro, é preciso dizer que elas têm sido uma enormíssima injustiça a todos os que ajudaram a libertar-nos do domínio espanhol em 1640. Na verdade, a grande preparação foi dada pelo povo na Revolta do Manuelinho, que a partir de Évora em 1637, e depois por várias cidades do país, se revoltou contra o domínio dos Filipes. È verdade que coube depois aos Nobres, os 40 Conjurados, em Lisboa, concluírem o processo jogando pela janela fora os traidores, mas coisa semelhante já havia feito o povo em Évora ao corregedor Morais Sarmento, e foi aquele povo que deu o grito da revolta e desarmado sofreu as consequências com a entrada das tropas de Filipe IV de Espanha, para a repressão.

(...) “O corregedor André Morais Sarmento é um cachorrinho a obedecer às ordens de Madrid e às instruções de Lisboa. Convoca a Câmara de Évora para combinar a derrama do novo imposto. Os vereadores hesitam, sabem que vai haver agitação e revolta. Irritado, Morais Sarmento convoca para sua casa o borracheiro Sesinando Rodrigues, que é juiz do povo; e também o cuteleiro João Barradas, que é o seu escrivão. Ora promete, ora ameaça, tenta forçá-los a um compromisso em nome do povo que representam. Eles resistem e o corregedor chama o algoz. Sesinando aproveita uma janela aberta e salta para a praça, grita que o querem matar. O povo miúdo, que já enche a praça, reage, assalta e incendeia a Casa de Morais Sarmento. O corregedor consegue escapar pelo telhado.” (...)

Um texto interessante, leia o resto aqui sobre o Manuelinho, no Vidas Lusófonas.
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25 novembro 2008

Momentos de excepção

Menina dos Olhos D'Água

Mário Viegas, um vulto da nossa cultura com falta do reconhecimento devido. Pedro Barroso, autor e intérprete de excepção da música Portuguesa. Menina dos Olhos D'Água, seguramente uma das mais bonitas canções portuguesas.

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23 novembro 2008

Defender um Hospital Pediátrico

Já aqui vos pedi adesão à causa pela defesa do Hospital de Dona Estefânia. Volto com a questão por não ser assunto encerrado, dado que o Estado optou mesmo pela extinção do Hospital. As nossas crianças podem assim ter que vir a partilhar com os adultos o novo Hospital de Todos os Santos, a construir em Chelas, em vez de se criar junto a ele um dedicado a cuidados pediátricos cujos inconvenientes podem ver tratados na convocação dos profissionais da Plataforma Cívica, para o Fórum no dia 27 de Novembro, às 12H00, na Sala de Conferências do H.D.E., ou aqui.
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21 novembro 2008

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Qual é a função do professor?

(Reeditado por inclusão de Nota)
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Tomar uma posição sobre a avaliação dos professores, não sendo professor, seria meter a foice em seara alheia com a possibilidade de o fazer de forma errada. Se o fizesse com base no que ouço, não seria mais do que debitar uns bitaites sobre alguma coisa que ouvi e nessas circunstâncias corria o tal risco de estar apenas a achar que. Prefiro assim escrever sobre o entendimento que tenho disto, balizado em percepções que tinha anteriores a este braço de ferro.

Devo confessar que depois das refregas para consolidação de Abril, algumas lutas me desiludiram, dando por mim muitas vezes quase levado para a defesa de corporativismos que abomino, por serem o contrário daquilo em que acredito. Tornei-me então mais cauteloso. Mas o que já escrevi sobre os Professores e o Ensino não deixam dúvidas e atestam a importância que atribuo à dignificação da sua carreira, sem a qual não me parece que venhamos a ter os tais grandes professores que nos ensinaram e respeitamos. Essa grande mudança, é também um processo doloroso para os professores mas parece que deve ser feita, e também por eles. Por aqui se vê que não vai ser fácil, porque serão também as relações pessoais a estar em risco.

Um dos problemas com que os professores se debatem, dizem-me, tem a ver com a panóplia das suas funções. É curioso, mas este blog está em posição de confirmar que isso é verdade. Experimente pesquisar no Google a frase: qual a função do professor. É isso, vem parar ao Arroios. Esta frase é a mais pesquisada no acumulado do Sitemeter deste blog, o que nos diz que há muita gente com dúvidas sobre o que deve ser a Função do Professor. Se assim é, há qualquer coisa por esclarecer e talvez os professores tenham a sua razão. Faça lá a pesquisa, Senhora Ministra!
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Nota: Algures neste blog, iniciei um post com esta introdução: "... Acresce que, em Portugal, a escola se tornou, sem meios humanos e materiais para tal, um espaço multifuncional: aulas, dinamização social e cultural, apoio social, despiste de casos de diversas disfunções, acolhimento multiétnico, integração do indivíduo na sociedade, ocupação de tempos livres, ... Relegando um discurdo de vitimização, é pertinente clarificar e fundamentar a amplitude da função de professor na actualidade."
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Extrato do artigo, "E se, porventura, o ME tivesse razão?", do Prof. João V. Faria, da Revista Pontosnosii, de Outubro 2006.
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19 novembro 2008

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As Iberíces de Pérez-Reverte

Os espanhóis não perceberam ainda porque razão os portugueses não se reconhecem como Ibéricos. É estranho sabermo-nos da Península mas não nos sentirmos na aplicação do termo. Sabem porquê? Porque foi a forma inconsciente que encontramos de afastar a atração que Castela sempre quis manter latente.

Quando por várias vezes me insurgi pelos infelizes iberismos de Saramago, estava longe de pensar que tão rápidamente haveriam espanhóis a perder a vergonha e a reclamá-lo descaradamente.

Face às declarações de Pérez-Reverte, que podem ser lidas aqui: Jornal de NotíciasRTP 1Jornal Público, parece começar a ser preciso tocar a rebate e dizer três coisas:

1ª - A questão destes incitamentos é séria, e é preciso começar a responsabilizar, porque assim como eu não posso andar aí na rua a incentivar a opinião pública à revolta, com o fito de conseguir a cessação de uma parte do território nacional, não posso da mesma forma andar aqui a incendiar a opinião pública que leve à perda da independência nacional.

2ª - Há duas áreas em que é preciso actuar já, a primeira, é a que implica conhecer quem são os novos Migueis de Vasconcelos que por aqui ainda há, para que não vá ninguém pela janela fora erradamente. A segunda, é a de começar a saber quem são os bravos que se alinham para a defesa da nossa Independência e isso, implica formar uma rede, de conhecimento público mas também, secreto.

3ª - Avisar esses incendiários que esse movimento, espécie de Eta de qual a Eta teria certamente inveja, poria definitivamente em fogo a frágil união existente e lançaria o caos na Península de uma vez por todas, para depois termos não uma, mas várias jangadinhas de pedra. Seria assim uma espécie de Inferno de Dante, molhado. Capice?

Se alguém conhecer esse escritor Pérez–Reverte, diga-lhe que não conte só com os Vasconcelos que estrategicamente estão nas suas Imerdrolas, conte também com o patriotismo dos portugueses e ainda mais agora, com os apoios internos que já temos, favoráveis à suspensão da democracia por seis meses. Capice?
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13 novembro 2008

Anuências Históricas

(Reeditado). Ver aquela imagem de um presidente passar por uma ala de crianças que acenam com pequenas bandeirinhas de papel, de um lado as bandeirinhas da Região Autónoma da Madeira, e do outro as bandeirinhas nacionais, colocadas naquelas mãos por algum manipulador infantil, era uma imagem que desta forma, não esperava nunca mais ver utilizada na política em Portugal. Mas não, juro que vi hoje no telejornal.

Chega a esta distância o odor fétido daquela ilha. Dou por mim, não já a olhar Jardim quando fala, mas a detectar o que vai na mente das figuras que o acompanham, enquanto nos enche o ecran de gafanhotos. Alguns ficam na mesma, como se nada tivesse dito ou não o tivessem percebido, outros, de olhar vazio, distantes, parecem não estar lá, e os restantes “anuem”. Poucos parecem contudo perceber, e muito menos a perceber que estão a fazer história. Mas uma triste história.

Não é assim difícil entender que haja lá quem escreva desta forma, por já o ter escrito de todas as outras: (Sem conseguir resistir à tentação de vincar a mitomania de Marcello, basta recordar que a "anuência" do povo alemão - em eleições democráticas que nunca ocorreram em Portugal durante as lideranças de Salazar e Marcello - guindaram Hitler ao poder). - Vítor Sousa. Leia o resto. Mas já que o remeto para as leituras do Vitor, não deixe de ler este excelente post sobre a esperada falência da relação do Presidente da República com Jardim: A Madeira e o torpor do Presidente.


09 novembro 2008

No Botânico

Um encontro inesperado,


que dignifica o Jardim

e valoriza a Escultura.
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Aos Domingos no Terreiro

Não acho que a praça do Terreiro do Paço tenha as características que pretendem que ela tenha quando a encerram ao trânsito nos Domingos. Ela perdeu há muito essa função com a evolução da cidade, e tudo o que ali se passa e o aparato que é preciso, é forçado, e não se vê que tenha o carácter espontâneo que gostaríamos. Seria preciso inverter muita afectação na edificação da Baixa para que resultasse. Há coisas que são como são, não como gostaríamos que fossem.
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06 novembro 2008

Crise de/nos valores

José de Oliveira Costa ex-..., Manuel Dias Loureiro ex-..., Daniel Sanches ex-..., Rui Machete ex-..., Miguel Cadilhe ex-..., and so on! Tudo bons rapazes de Cavaco, numa espécie de reforma política num Banco com a cor certa. Mas agora pegou fogo e como se vê, fogo laranja. Uns não sabiam, outros muito menos e outros apontam o Banco de Portugal num tipo de fuga pra frente, numa acusação de que a-culpa-é-do-polícia-que-almoçou-bem-demais-e-deu-lhe-um-ataque-de-aerofagia-e-foi-ali-e-já-vem. Isto não quer dizer que este não ande a produzir bom trabalho. Não, nós é que não damos por isso, mas isso é defeito nosso! Escrevam o que eu vou dizer. Ninguém irá preso e ou muito me engano, ou ainda se arranja por aí um processo de difamação do bom nome e ainda vamos pagar caro a ousadia.

Vou ter que começar a dar mais crédito à minha intuição quando ela me impõe a rejeição de algumas figuras, é que aquele Oliveirinha da Costa, dos Assuntos Fiscais, foi sempre tão difícil de digerir. Desculpa Intuição, tinhas razão.

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03 novembro 2008

Uma Luta do Povo de Lisboa

Vota-nos à menoridade, um certo oportunismo dos Partidos em questões politicamente transversais, quando aproveitam movimentos espontâneos de Cidadãos e para eles se trata e só, de fazer apenas oposição. Fiquei chocado com o recente e caro anúncio do PSD, junto a Alcântara, sobre o actual problema do Cais de Contentores e da Frente Ribeirinha. O PSD esquece o que tentou fazer quando se lançou na aventura que seria a concretização do POZOR – Plano de Ordenamento da Zona Ribeirinha, no tempo de Cavaco e do tal Ministro do Mar Azevedo qualquer coisa? Nessa altura já lá andavam estes senhores e não os vi deste lado da barricada. Esquece que foram pessoas como MSTavares e outros apoiantes que se opuseram e movimentaram opiniões e conseguiram que aquilo fosse reduzido a um Pozorzinho? Hoje teríamos toda aquela faixa retalhada em mil bocados e ocupada num grande comprimento com uma barreira de construções, que era o que o Plano possibilitava. Não concordam agora porque não estão lá e o benefício se esfuma. Fiam-se na memória curta do povo mas agradecemos que não se colem, e sugiro aos subscritores do Movimento que não o permitam. Esta deveria ser uma luta do Povo de Lisboa, tenho pena de vê-la explorada como arma de arremesso.
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29 outubro 2008

Allende e o 11 de Setembro

Uma das mais lindas crónicas sobre Allende e o Chile, o 11 de Setembro e os Americanos. Do melhor que tenho visto. Vale a pena.

"Este filme, suportado pela inquestionável verdade da História, encerra ironicamente uma demolidora metáfora. A esta distância de décadas, e, na actualidade, no confronto com a ignomínia dos actores principais que provocaram a actual crise financeira, ou que, num passado recente, destruíram um país, numa guerra baseada na mentira, já é possível, aos mais incrédulos, identificar quem são os verdadeiros mártires e os verdadeiros vilões."

São palavras do Alexandre a quem agradeço o envio deste admirável documentário.
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28 outubro 2008

Os Lopes & Arnaud's

Se há uma memória curta estranha neste povo, é aquela que lhe permite aceitar figuras políticas recauchutadas, depois de fazerem em penitência as chamadas “travessias no deserto”. Elas são assim como uma espécie de purificação pelo isolamento, em reflexão, a que alguns figurões da nossa política doméstica se sujeitam, antes de voltarem para baralhar e dar de novo. É um espanto verificar como eles próprios sentem a chegada desses momentos da retirada, e como os seus pares os esquecem durante esse período de branqueamento, não falam deles, nem os citam, e muito menos os acompanham, não aparecem nas revistas cor de rosa, nem nos barbecue da sealy season e muitos, nem nos congressos. Hibernam. Não existem.

De repente, começamos a vê-los no canto da foto como se lá tivessem estado sempre. Depois aparecem a sair de uma reunião, em seguida já vão ao Congresso e finalmente, aparecem na TV a comentar como se nunca tivessem saído.
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Nós é que já andamos vesgos. A ver mal e a precisar de fósforo para este envelhecimento precoce. Qual quê?! Espantosas são estas sete vidas!
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24 outubro 2008

"The World According to Monsanto"

A Terra e a Humanidade já foram conduzidas pelo homem a coisas terríveis como o Nazismo, o Fascismo, o Holocausto, a Poluição, etc., mas a esperança é sempre não deixarmos que essas monstruosidades se voltem a repetir. O problema, é que esses males voltarão noutros formatos perversos para causar desgraça e encontrarão sempre entre nós gente desatenta que os ouve.
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Acabo de ver um documentário verdadeiramente aterrador para a Humanidade e para o Planeta, no DOC Lisboa, sobre o poder da industria de biotecnologia Norte Americana, consubstanciada na Monsanto, a tal empresa dos Transgénicos, os OGM. À semelhança da crise financeira actual vinda daquele lado do Atlântico este, é mais uma vez um problema derivado da ganância pelo lucro à escala global e da falta de controlo da/na sociedade americana que limita o seu escrutinio ao voto, e mesmo esse é com os resultados que se conhecem. Tenho pena que este filme não passe em horário nobre em todas as televisões do Mundo porque a sua mensagem é de tal forma urgente que é preciso que todos conheçam o mal que se estão a fazer às sementes que nos alimentam, e tudo isto com a conivência e a mentira dos governantes americanos, conforme provam os excelentes documentos que esta realizadora francesa nos mostra. Julgava que conhecia este problema, mas fiquei boquiaberto com o universo da maldade por detrás dele. Fixem este filme e esta Realizadora: Marie-Monique Robin, porque talvez ele tenha o mesmo impacto da “Verdade Incoveniente” de Al Gore.

Entretanto por cá, vamos tendo gentinha desatenta e preocupada com a destruição de meia dúzia de pés de milho transgénico lá para o Alentejo, só porque a lei é assim, mas é assim que o problema está a ser criado e não sabemos se desta vez haverá retorno.

Procure esclarecer-se, a informação está toda na Net. É urgente criar uma forte corrente de opinião à escala global. Por mim estou a fazê-lo. Deixei em cima um resumo pequeno comentado pela realizadora, mas fica aqui o total do filme encontrado no Google. Mesmo sem legendas, clique e veja:
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Mas basta fazer uma pesquisa a transgénicos, para obtermos estas reacções por aí:
Etc.
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19 outubro 2008

A Praga dos Pombos

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Os responsáveis por nos livrarem da merda de pombo e pela manutenção a nível suportável, segundo os padrões de higiene urbana inscrito nos programas de candidatura - que não cumprem - ainda não perceberam que não é gastando o dinheiro em milho caro jogado fora nas suas praças, que resolvem este problema do merdelim de pombo? Informem-se Sexas como se faz e verificarão que não são programas angélicos, caros em esperas e prejuízos, que resolvem a questão. Alguém os está a enganar e a ganhar. Para Sexas este é um não problema porque não vivem em bairros populares onde grassa a degradação. O problema, é que para seu sossego e nosso mal, a porra dos populares já se habituou a tanta caca, e o deficit de cidadania que os mantém em silêncio dá imenso jeito.

Que medo têm do tratamento que Beja lhes deu, que é aquele que recomendo há muito? Os pombos já são uma praga e as pragas têm um tratamento, e a CML não sabe combatê-la. Lisboa, para além dos devolutos e grafitis, é também deste ponto de vista, uma cidade decrépita pela degradação nojenta de tanta caca nos parapeitos, nos carros e nos passeios. Não me digam que não sentem no Rossio o cheiro do merdelim ensopada quando caem os primeiros chuviscos? Provavelmente não, porque Sexas não o sabem reconhecer, mas aquilo é cheiro de merda molhada!... Fui malcriado com Sexas, concordo. Retiro a merda, a caca, o merdelim e substituo por excremento. Perde o impacto mas ganha em polimento.
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Amplie para leitura. Recorte obtido do jornal "O Metro".

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18 outubro 2008

O Zé Calmeirão

Estando perto ou estando longe,
Tu pra nós estás sempre à mão...

Porque és o Zé Calmeirão!

Seja cedo ou seja tarde,
Tu nunca dizes que não...

Porque és o Zé Calmeirão!

Mesmo que não seja muito,
Tu dás-nos sempre o teu pão...

Porque és o Zé Calmeirão!

Nunca te vimos zangado,
Nem cor de camaleão...

Porque és o Zé Calmeirão!

Vens mesmo que não te apeteça.
Nem que saibas quantos são...

Porque és o Zé Calmeirão!

Gostamos de ti assim,
E vês isso em nós. Ou não?

Porque és o Zé Calmeirão!

17 de Outubro de 2008

17 outubro 2008

Os Contentores em Alcântara

(Reeditado para inclusão de link de audição)
Os Lisboetas andam mais preocupados com as ondas de choque da crise financeira do que com negociações herméticas sobre o futuro da cidade, mas elas vão penalisar mais do que o problema dos buracos que os atormentam hoje. Só uma percentagem diminuta se está a aperceber do enfeudamento que a renegociação do contrato da exploração do terminal de contentores em Alcântara, vai originar. Para além das dúvidas sobre a forma como tudo se está a passar, segundo as notícias dos links:

PSD acusa Governo de favorecer empresa da Mota-Engil com concessão ilegal.
O Governo e Jorge Coelho.
Secretária de Estado defende negócio com Liscont.
PSD acusa Governo de beneficiar empresa da Mota-Engil.
Liscont e APL assinam contrato para alargar concessão.
Cidadãos por Lisboa.

será também mais uma machadada nas aspirações dos lisboetas quanto ao usufruto das margem do Tejo, a tal Zona Ribeirinha. O Governo poderá estar a atascar a Câmara de Lisboa e os lisboetas ao assinar este contrato, e mais, se tiverem de haver indemnizações milionárias, devido ao repensar de toda a estratégia para a margem que obriguem ao cancelamento do contrato. E é agora que cabe perguntar: quem vai preso se isso acontecer? Ninguém como de costume. É que estamos fartos de assistir a esta espécie de negócio paralelo que são as indemnizações por quebras de contrato. Uma coisa é certa, serão Lisboa e os lisboetas que perderão com as coisas feitas desta maneira. Não me custa desta vez concordar com o PSD, perante tanta dúvida porque não cede o Governo e torna as coisas transparentes? Helena Roseta disse ontem, atónita na SIC, que já não sabe o que pode fazer mais. Foi desta forma, ouça AQUI.
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13 outubro 2008

Lisboa em Debate.

... a que não quero,

... e a que não gosto.
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Aos "Cidadãos por Lisboa": Estão ligitimados pelo meu voto para, em meu nome, apresentarem propostas no orçamento participativo para 2009 que respeitem estes direitos que há muito reclamo.
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11 outubro 2008

DOC Lisboa

Está aí outra vez em Lisboa a sexta edição do Festival Internacional do Filme Documental. São mais de 150 filmes que fugindo à lógica do circuito comercial trazem grandes obras baseadas no testemunho ou na pesquisa dos factos. Só o descobri o ano passado, mas veio para ficar. Sejam rápidos se querem ter bilhete. Por mim vou estar numa maratona de dois a três filmes por dia.
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Podemos ver debatidas questões como esta do filme em que aposto: The World According to Monsanto, de Marie-Monique Robin, 108´ França-Canadá-Alemanha 2008.
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"Implantada em mais de quarenta países à volta do globo, a Monsanto tornou-se a líder mundial dos OGM (Organismos Geneticamente Transformados, também conhecidos como Transgénicos) e uma das mais controversas empresas da história. Partindo de documentos inéditos e dos testemunhos surpreendentes de algumas vítimas, políticos e cientistas, este documentário reconstitui a ascensão de um verdadeiro império económico. A autora revela as estratégias obscuras das multinacionais para mudar as leis nos Estados Unidos – o que permite finalmente camuflar a verdade sobre os efeitos dos transgénicos nos seres humanos."
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08 outubro 2008

Da Realidade à Ficção

"A Galiza, devido aos tempos da penúria tinha achado graça ao Minho e a província já era maioritariamente galega. Os problemas não paravam entre a minoria dos portugueses e a maioria galega do Minho.

Em Guimarães falava-se mais galego do que português, e os galegos minhotos não paravam de reclamar o direito a decidirem do seu próprio destino por serem maioria, reclamando a independência da província.

Andou tudo à chapada e a raiva deu para barbaridades étnicas.

Depois de muito barulho os portugueses vêem-se confinados e obrigados a recuar da província. Os galegos minhotos decidem a independência de parte do Minho, e Guimarães passa a ser a sua capital.

Os portugueses ficam confinados numa linha para cá de Braga. A Comunidade Europeia e outros amigos de porte duvidoso acha que sim senhor, está bem feito e os portugueses vêem assim roubado por apropriação alheia o chão onde viram nascer o país."

Faltou acrescentar na história que havia "alguém" que achava que os portugueses estavam a empreender em segredo uma temerária reedição dos Descobrimentos a partir do rio Douro, e queria estar próximo para os impedir. O incentivo dissimulado dado aos galegos minhotos foi a solução que encontraram. Dali, passaram a poder espreitar melhor os lunáticos dos portugueses.
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O Fim ou o Início?

Não ando com muita curiosidade para ler o que se vai dizendo por aí na blogosfera, numa altura em que a crise financeira, ou do capitalismo, deverá estar a dar tanto motivo para escrever. Mas se houver honestidade no que se diz, a conclusão comum não poderá ser outra que não seja a de que: a auto regulação dos mercados é qualquer coisa em que dificilmente voltaremos a acreditar - voltaremos, aqueles que nela acreditavam!. Parece estar a provar-se que a tal autofagia de que acusávamos o sistema começa a ser verdadeira.

Ouvir Joe Berardo pedir na SIC o fim das Off-shore’s a nível mundial (ONU !), depois de confessar que também lá anda por uma questão de competitividade, dá uma medida da dimensão das alterações a que vamos ter que assistir. Era agora que gostaria de ver alguns fundamentalistas que ouvi, vir a público defender a continuação destes paraísos bizarros. Uma coisa é certa, estamos no fim de qualquer coisa e não me parece que seja só de um ciclo. Se for o início de outra que seja rápido, porque o pior de tudo é a duvida desta espera.
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05 outubro 2008

Ter ou não ter opinião.

Vocês têm sempre uma opinião formada e fundamentada sobre tudo? Isto é, não há nada sobre o qual não têm ou não queiram ter uma opinião pública, ou mesmo privada? Não sentem o desconforto de ter que opinar porque, ou não têm pura e simplesmente opinião porque ela não se formou devido a lutas intestinas ou ausência das vossas confrontações internas com o problema, ou porque não querem mesmo pensar na questão?

Amanhã são confrontados por exemplo, com uma nova lei para regular uma determinada matéria. Mandam as regras da cidadania que o cidadão não se alheie da coisa pública. Apenas pública para regulamentação, mas que pode muito bem ser do foro privado de cada um. A matéria daquela lei nunca vos apelou a algum tipo de opinião, pró, neutra ou contra, por ser até ali como um neutrino quase sem massa que vos atravessou sem darem por isso. Porque razão, não sendo homens do ofício em que é fundamental ter opinião sobre tudo, têm que ter a vossa?

Pergunto isto porque me parece que estamos a atravessar um período em que nos vemos confrontados com o dilema de ter mesmo que decidir em relação a coisas para as quais nos estamos nas tintas. O problema não está na decisão correcta a tomar, porque essa, procura-se nos modelos urbanos de desenvolvimento das sociedades modernas que tendem todas para a homogeneidade e decide-se de acordo com esses cânones, o problema está mesmo é na nossa verdadeira opinião, aquela que ainda não apanhou esse comboio e que subjugamos constantemente ao poder da massificação que nos uniformiza o pensamento colectivo.

Quero dizer com isto que, por força de convivermos com o mercantilismo de tantos ciclos rápidos que a ditadura da Moda nos impõe em todas as áreas das actividades que nos cercam, possamos também aqui estar a ser vítimas desta nova pressão da sociedade que criamos.
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Porque não me quero pressionar, concedo-me o direito de não ter uma opinião sobre isso! Não é a Independência do Kosovo! Embora a tenha.
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29 setembro 2008

Ticket to Heaven

Não deixem de ouvir o melhor de Mark Knopfler, no meu gosto. Para partilhar este céu com vocês, retiro a música residente.

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19 setembro 2008

Inconsistências Neoliberais

Reeditado por inclusão deste oportuno carton que o TACCI não me recusou. Dizem eles:
- Temos de nos lembrar de mandar arrancar esta alcatifa.


Volto a referir o que ouvi em tempos a Alçada Baptista depois da queda do Muro de Berlim: “... que não deveríamos ficar sossegados, porque se aquele mundo que derrubamos não servia, este que estava a triunfar também não era justo e não era a solução.”

A prova está aí desde a queda do muro. O triunfo do neoliberalismo autofágico está a dar nisto. Se os regimes totalitários existentes dão mostras das suas incongruências ao quererem o melhor de dois mundos antagónicos na sua filosofia, os regimes baseados na actual economia de mercado, onde é o capital que domina as nações e não a política eleita, copiam as medidas que consideram totalitárias nos outros, e fazem também lembrar constantemente a previsão de Karl Marx, que apontava para a ruína das fundações do sistema capitalista, afirmando que haveria de soçobrar sobre as suas próprias estruturas. Na verdade, o que se passa mais parece ser o equilíbrio instável de uma velha construção super lotada. Resistirá ao próximo abalo? Ou andamos a enganar-nos para não causar mais depressão? É urgente refazer esta velha construção com betão e novas fundações anti-sísmicas, deixando apenas a fachada para memória futura. É preciso reinventar novas políticas, uma nova Economia e porque não uma nova filosofia de vida, antes que o céu nos caia em cima da cabeça.


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18 setembro 2008

"O Bando do Liceu"


“... quando, nas indolentes tardes passadas no Café Rádio, dissertava enfaticamente sobre as suas apaixonadas intervenções no tribunal, em defesa de réus inocentes, vítimas das tenebrosas e kafkanianas teias da Justiça, tendo ficado célebre na cidade aquela em que, dirigindo-se ao juiz, e tendo citado energicamente, e com toda a convicção de que foi capaz, um determinado enunciado de um artigo do Código Civil, este lhe respondeu, oh, senhor doutor, mas isso que o senhor está a dizer não vem aqui escrito no código! Não vem!? Não está aí escrito no código!? Mas devia estar, senhor doutor juiz.”

É um excerto das memórias do Alexandre nesta crónica bem conseguida, sobre a sua juventude em Lamego, onde se detecta a influência de boas leituras, provavelmente escrito com a ajuda de uma boa flute de espumante da sua terra, certamente um dos melhores da Europa.
Foi uma boa (meia) surpresa.


13 setembro 2008

Jesus Camp - II

Ao reenviar-vos no post anterior para o documentário Jesus Camp que passou no DOC Lisboa de 2007, verifiquei que o thriller da Magnólia Films já não está activo. Porque o considero um documento importante para percebermos o que se passa numa grande parte dos Estados Unidos, na questão tão sensível como é a mistura da política com a religião, aqui fica o filme completo que encontrei no YouTube dividido em nove partes. Vejam o convidado surpresa e o fanatismo ao rubro na parte VI e VII. Não se arrependem se forem até ao fim, não está legendado mas uma imagem vale mais que mil palavras. Ponham em ecran total e façam de conta que estão no DOC.
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