08 maio 2010

CIA: Erros & Tragédias

A história dos grandes Serviços Secretos está montada sobre enormes cemitérios, porque é recorrente nas suas actividades a eliminação física dos alvos que escolhem. Se já é um drama que a obtenção ou manutenção do poder se faça à custa da interferência na vida dos outros, maior ele é quando as suas actividades, baseadas em erros de observação, provocam hecatombes. Porque nunca saberemos a totalidade dessas verdades, é muito relevante que alguém tenha decidido contar-nos parte da história, com a edição em 2007, nos Estados Unidos, de um extraordinário livro: “História da CIA – Um Legado de Cinzas”, vencedor do “Book Award”, escrito por Tim Weiner, premiado com o prémio Pulitzer. É um livro nada abonatório da política dos Estados Unidos desde década de 40, porque nos relata com fidelidade os erros cometidos por aquela Agência, ao longo de 641 páginas, suportado noutras 200 de notas extra, por via das dúvidas, que remetem para 50 000 documentos e centenas de entrevistas a ex-agentes e directores da CIA.

Haveria para descrever, muitos exemplos de história que nos foi contada de outra forma, como a dos mísseis de Cuba, mas ainda só até meio da leitura do livro, não posso deixar de referir aquela que mais me impressionou. A tragédia do Vietname, como a do Iraque, partem de dois erros clamorosos de informação. A do Vietname foi detectada ainda a tempo, já com os aviões no ar, mas ninguém quis assumir e voltar com a palavra atrás. Está dito nas Pág. 306 a 311. No Iraque como já sabíamos, a história repete-se enganando meio mundo. Com ambas, alteraram a vida de milhões de seres humanos. Tinha razão o presidente Eisenhower quando desabafou que a Agência lhes tinha deixado “um legado de cinzas”.
.

Sem comentários: