29 janeiro 2010

Desenhadores urbanos

Desenho 2


Descobri os Urban Sketchers pelo Tacci, no Portugal, Caramba! e depois fui vê-los a Torres Vedras. Valeu a pena. É a arte do desenho numa das suas formas mais simples, despida de outros constrangimentos o que lhe confere um interesse especial. Naquela forma de diários gráficos, mas também literários, estavam lá umas largas centenas de desenhos em blocos de diversos tamanhos que nos falam da forma como cada um registou um determinado momento do dia. Sempre tive alguma inveja desta gente de traço fácil. Resta-me a persistencia.

E tu Caitas? Faz aí um Mini em derrapagem controlada que eu por mim só me atrevo a isto ... mas fica-te como desafio!
P.S. Mas olha, cuidado, este bloco era um chinês barato, aguenta aguarela mas é mata- borrão para tinta.
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25 janeiro 2010

O que eles lêem.

No programa Plano Inclinado da Sic Notícias, Medina Carreira: - Olhe ando a ler uma biografia de Goebbels...

Mário Crespo: - E eu ando a ler Norman Mailer (ou Miller) que inclui uma parte da biografia de Hitler onde ele diz que os grandes problemas se resolvem por si. Contrariamente á ideia que temos dele de, centralismo...

É pá... isso não são leituras depressivas?!
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21 janeiro 2010

Opinto dourado

Não devíamos ter ido a correr para o YouTube ouvir o que disse o presidente Pinto, mais o Pinto dos árbitros, o Teles do jornais, o Jacinto do apito, o Araújo da fruta, e toda a gente honrada daquela “genial chantagem”, porque não é uma actividade saudável, é subterrâneo como foram aquelas conversas que minaram os alicerces do nosso futebol durante todos estes anos. Mas pronto já está, nada a fazer, fica uma enorme tristeza por ficarmos ainda mais desiludidos com estes actores, ainda activos e até elogiados do nosso futebol. Não foram penalizados pelo que ouvimos e podendo agora sê-lo pela opinião pública, resta-lhes a fuga para a frente da queixa-crime, e do fumo com Apitos de outras cores, assim à maneira do fedelho que leva um tabefe e quer correctivo igual para os que riem. Uma miséria porque, conseguem apesar de tudo ter audiências.

20 janeiro 2010

A medalha do Santana

Dizer que meteu pena o episódio da condecoração com a Grã-Cruz da Ordem de Cristo é o pior que lhe podemos fazer, mas deixar passar como um louvor fingindo como a Ordem daquela medalha, é que não fazia sentido.

Se quisermos saber o nexo que tudo fez, basta ver o filme da agraciação, as duas conversas de circunstância e os ares compungidos que rodearam tudo aquilo. Não fomos nós que inventamos ou recreamos o ambiente, foram os presentes que deram ao acto o tom que realmente teve.

Um prémio, deve ter como critério de atribuição a distinção num determinado feito e não uma atribuição “por tradição”, independentemente da qualidade com que se concluiu. Parece óbvio que isto esvazia o sentido de qualquer prémio e a ser este o critério, esvazia o sentido de qualquer Ordem, e de qualquer cruz.

14 janeiro 2010

Aos haitianos

É um simples cravo mas representou a esperança da renovação, e foi assim que sempre o vi. Uma renovação que não era só política, era também esperança noutra vida onde cabiam todos os sonhos. Neste momento, vocês não precisam de flores bem sei, precisam de tudo, mas sobretudo precisam para não sucumbir: de Esperança, até que o mundo chegue, vos agarre e perceba que não vale a pena andar em desvarios perante tanta força que não domina e esta, foi um impacto igual ou superior a trinta bombas atómicas!
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Tenho esperança que algum destes infernos a que a Humanidade está sujeita - mas mais uma vez e sempre, os pobres – a despertem para a evidência de um maior valor: o da vida humana. Quem sabe se não foram vocês os escolhidos para essa prova final? Mas acredito que um dia acontecerá. É por isso que vos trago em vez das nobres flores de circunstância para os que foram, este cravo que fiz, enquanto me lembrava da grande esperança de vida que ele representa em cada Primavera. Não acredito que persista a cobardia dos que vão achar que alguém se vai importar com vocês, porque este é um assunto de cada um de nós: delegar é não fazer e nunca foi tão fácil participar.

12 janeiro 2010

Há Pinto na costa!

Quando hoje ouvi a notícia, achei que era ainda uma repetição desta outra, mas não, era mesmo Pinto outra vez, desbragado, parecendo aceitar muito mal que a sua equipa não vá à frente da classificação na Liga. Não passou uma semana e volta a inflamar as hostes com esta espécie de gritos de guerra. É de recear pelo dia em que o FCP - para não o confundir com o Porto – deixe de ganhar campeonatos e não sei se não serão de temer reacções mais graves acicatadas por este fogo posto permanente, porque alguma gente da bola, tem na bola razões que a razão desconhece. Tão grave como isto, é que haja políticos que por aritmética de votos não consigam resistir ao fascínio do futebol.

09 janeiro 2010

Pinto dá à costa

O que foi que nós fizemos agora? O ambiente dos futebois andava sossegado, talvez pelos atrasos na conclusão dos processos a decorrer na Justiça. Valia o facto do Pinto ter as suas declarações limitadas pelo tribunal evitando assim as suas habituais alarvidades, com as acusações a Lisboa, aos mouros e a tudo o que pareça vermelho mais-ao-diabo-que-o-carregue. Acabou a proibição e voltou a falar para dizer que “Portugal era um país pequeno de mais para ser dividido em dois” assim, sem mais... Não acho que Jardim e Pinto resistissem muito tempo na marquesa de um bom psiquiatra, porque têm tiques que revelam um qualquer complexo, conflitos interiores que causam aqueles distúrbios e os levam à mania da perseguição. São pessoas afectadas no recôndito do ego. O Alberto, com a fanfarronia e o exibicionismo de rei sol, pode dizer o quiser porque todos o consideram inimputável, o outro, acorda da quarenta a que a Justiça o obrigou para voltar a pegar na espada e no elmo para se espadeirar contra moinhos que não existem, quanto mais os fantasmas que representam.

Esta necessidade de manter vivo um inimigo, é o truque velho que qualquer ditador ayatola ou manipulador tem que sustentar, para dominar as massas. Neste caso, tudo começa com Pedroto, quando este falou do “centralismo”, que não era nada mais nada menos do que o Porto não ganhar campeonatos há duas décadas, mas resultou, porque ao arranjar uma boa equipa que começou a vencer, a culpa passou para o povo a ser do “centralismo” e a partir daí se começou uma campanha de animosidade contra Lisboa. Qualquer lisboeta sente a injustiça desse tratamento, embora esteja a mudar, mas por força de serem empurrados para a guerra por esse tratamento iníquo. O ego deste Pinto foi desde esses tempos alimentado com esse ódio e não conseguirá agora viver sem ele porque foi com esse alimento e nesse clima que cresceu, daí que todas as semanas tenha necessidade de o manter e falar a despropósito do Benfica e de Lisboa. Valham-me os bons amigos que tenho no Porto para que tanto eu como eles não confundamos o Porto com o Pinto e Lisboa com os mouros.

Vejam o que se diz aqui no Pátio das Conversas e que lembra muito bem a forma como este cavalheiro está no futebol. Ganhar, é para ele uma questão de sobrevivência, o problema é que com esse estilo ele arrasta e aliena nessa vertigem uma cidade.

05 janeiro 2010

Homenagem a Lhasa de Sela

(Reeditado)

"La Fontera

Hoy vuelvo a la frontera
Otra vez he de atravesar
Es el viento que me manda
Que me empuja a la frontera
Y que borra el camino
Que detras desaparece

Me arrastro bajo el cielo
Y las nubes del invierno
Es el viento que las manda
Y no hay nadie que las pare
A veces combater despiadado
A veces baile
Y a veces...nada

Hoy cruzo la frontera
Bajo el cielo
Bajo el cielo
Es el viento que me manda
Bajo el cielo de acero
Soy el punto negro que anda
A las orillas de la suerte "


Entre tanto drama humano merecedor da nossa atenção, desfocado pelo abastardamento da repetição de imagens, retive apenas nestes primeiros dias do ano uma história, a de Lhasa de Sela, uma cantora que mal conheci. Ela talvez representasse um produto de experiências, interrogações e caminhos paralelos aos da minha juventude. Cantora conhecida como “Nómada”, era filha de pais hippies, dos verdadeiros, pai mexicano e mãe norte-americana, de nacionalidade canadiana, não teve escola até aos treze anos aprendendo apenas com os ensinamentos da mãe. Viveu uma infância maravilhosa, segundo ela, parece que por não ter a responsabilidade que tinham as outras crianças. Livre de drogas diz, que foi talvez porque em casa não era fruto proibido, por muito polémico que isto possa ser. Considerava-se uma cidadã sem pátria. Fica uma simples homenagem nesta sua música e na entrevista a Carlos Vaz Marques na TSF em 2005.

04 janeiro 2010

Saúdem-no como Arte.

Falámos daquele homem hoje à refeição. Já não me lembro se lhe respondi na primeira vez que me saudou quando passei por ele de carro, mas seguramente que o fiz na vez seguinte e sempre em todas as outras, porque há um apelo enorme naquela figura humana que sem nos conhecer, nos presenteia com um enorme sorriso e nos saúda de braço no ar, sempre que passamos por ele no Restelo ou na Avenida Fontes Pereira de Melo, como que lembrando-nos a prioridade a dar ao melhor da espécie humana: os afectos. Ele é para quem passa, uma provocação boa ou má, uma indiferença, talvez uma irritação para alguns, e essas, são contradições de uma obra de arte.

Vejamos então aquele homem de quem não conhecemos a história, como a obra de arte na qual o próprio escultor se tornou, como uma instalação pública montada fora da galeria, arte urbana, cumprindo um dos objectivos principais da arte: interpelar-nos. Cumpre-nos devolver-lhe o capital que nela investiu, tornando-o num caso ímpar: o de uma obra que nos agradece a apreciação através dela própria, em si mesma, o autor.

“A arte não tem, para o artista, fim social. Tem, sim, um destino social, mas o artista nunca sabe qual ele é, porque a Natureza o oculta no labirinto dos seus desígnios.” (...) Fernando Pessoa .